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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Utilidade Pública: como agir em caso de picada de escorpião em Joinville

Utilidade Pública

GERÊNCIA DA UNIDADE DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE - GUVS
SERVIÇO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA – SVE
NOTA TÉCNICA Nº 06/ 2013 – GUVS/ SVE

Assunto: Orientação sobre a Conduta nos casos de acidente com picada de Escorpião.

1 – Definição de caso:

O Escorpionismo é o quadro de envenenamento provocado pela inoculação de veneno através da picada do escorpião. Este tipo de acidente vem adquirindo magnitude crescente e abrangente, tendo sido registrados em todo território nacional. Sua importância se deve à frequência que vem ocorrendo e da sua
potencial gravidade, principalmente em crianças.

2 – Epidemiologia:

O maior número de acidentes escorpiônicos notificados no Brasil são provenientes dos estados de Minas Gerais e São Paulo, mas ano a ano observa-se um aumento significativo em outros estados. Os casos graves com maior número de óbitos, nos últimos 12 anos ocorreram na Bahia, Minas Gerais e Pernambuco. Os escorpiões de importância médica e epidemiológica capazes de causar acidentes graves pertencem ao gênero Tityus. Este gênero se caracteriza por um pequeno espinho logo abaixo do ferrão, além de sua
coloração ser mais opaca. Em Santa Catarina foram identificados as espécies Tityus Costatus em Canoinhas, Lages e Porto União; Tityus bahiensis em cidades do litoral, incluindo Joinville, e Tityus serrulatus nos municípios de Blumenau, Biguaçú, Itajaí, São José e, mais recentemente, em Joinville.


3 - Sinais e sintomas pós picada:

As manifestações locais são: Dor no local intensa e imediata podendo espalhar-se por todo o membro e ser acompanhada de parestesia, eritema e sudorese localizada no local da picada. Em crianças as manifestações podem ser ainda sistêmicas e graves evoluindo em minutos ou de 02 a 03 horas, com hipo ou hipertermia, sudorese profusa, agitação psicomotora, tremores, náuseas, vômitos, sialorreia, hipertensão ou hipotensão arterial, arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, edema pulmonar agudo e choque.

4 - O que fazer em caso de acidente:

- Limpar o local da picada com água e sabão;
- Aplicar compressa morna no local;
- Não amarrar ou fazer torniquete;
- Não cortar, perfurar ou queimar o local da picada;
- Não aplicar nenhum tipo de substância,
- Não fazer uso de bebida alcoólica e
- Ir para o hospital o mais rápido e, se possível, levar o escorpião para
identificação.

5 - Algumas observações sobre escorpiões:

São encontrados em praticamente todos os ambientes, porém o crescimento desordenado dos centros urbanos propicia condições cada vez mais favoráveis à instalação e proliferação desses animais junto às
residências, tanto no ambiente externo quanto o interno. Encontram esconderijos em terrenos baldios, velhas construções, sob o entulho, pilhas de madeira, tijolos, caixas de luz etc. Grande parte dos escorpiões não ataca, apenas se defendem. Nem sempre vivem em grupos. São animais solitários, não formam ninhos, não sobem em vidros e/ou superfícies lisas. Podem também picar e não inocular seu veneno, causando um acidente assintomático, porém todos são venenosos e tem capacidade de injetar seu veneno. Nunca utilizam todo seu veneno em uma única picada e pode causar um segundo acidente imediatamente após o primeiro.

O tipo Tityus serrulatus é considerado a espécie mais perigosa, e o que causa os acidentes mais graves. Se reproduz por partenogênese, ou seja, são assexuados. Cada mãe tem aproximadamente dois partos/ano com média de 25 filhotes cada, podendo chegar a 160 filhotes durante a vida. Apesar de não ser típico da região de Joinville, recentemente foi encontrado amostras desta espécie na região do centro, o que vem sendo tratado pelas autoridades sanitárias como um evento inusitado. Há também registro da ocorrência da espécie T. bahiensis no bairro Espinheiros.

6 - Vigilância Epidemiológica:

Em virtude deste fato, a Vigilância Epidemiológica e Ambiental de Joinville estão orientando os profissionais de saúde que atuam nos serviços de urgência/emergência, para o manejo correto no caso de atenderem algum acidente com Escorpião.


Quadro clínico:

Dor local intensa podendo ser acompanhada de parestesia. Os acidentes em crianças são considerados casos moderados e graves, pois o quadro sistêmico pode se instalar no intervalo de minutos até poucas horas. Apresentam hipo ou hipertermia, sudorese profunda, náuseas vômitos, sialorréia, arritmias, hipo ou hipertensão arterial, taquipneia, dispneia, edema pulmonar agudo, agitação, confusão mental, hipertonia e tremores, ICC e choque.É importante saber que o encontro de sinais e sintomas mencionados impõe a suspeita diagnóstica, mesmo na ausência de história de picada e independente do encontro do escorpião. Influem na gravidade do acidente: a espécie e tamanho do escorpião, a quantidade de veneno inoculado, a massa corporal do acidentado e a sensibilidade ao veneno. Influem na evolução do caso: o diagnóstico precoce, o tempo decorrido entre a picada e a administração do soro, e a manutenção dos sinais vitais.

Exames complementares:

- Eletrocardiograma: de grande utilidade pois pode mostrar taqui ou bradicardia sinusal, extra sístoles ventriculares, distúrbios da repolarização ventricular com inversão da onda T. Estas alterações desaparecem em três dias na grande maioria dos casos.
- Raio X de tórax: evidencia um aumento da área cardíaca e sinais de edema pulmonar agudo.
- Glicemia: geralmente apresenta-se elevada nas formas moderadas e graves nas primeiras horas após a picada.
- Imunodiagnóstico (ELISA): para detecção do veneno circulante nas formas moderadas e graves.

Tratamento:

Nos casos sintomáticos consiste no alívio da dor por infiltração de lidocaína a 2% sem vasoconstritor (1 a 2 ml para criança; 3 a 4 ml para adulto) no local da picada, ou uso de dipirona na dose de 10mg/kg de peso a cada 6horas. Outros distúrbios devem ser tratados de acordo com medidas apropriadas a cada caso. Além disso mais especificamente a administração de soro antiescorpiônico (SAEEs) ou antiaracnídico (SAAr) aos pacientes com formas moderadas e graves, que são geralmente nas crianças picadas pelo Tityus
serrulatus.

O soro deve ser realizado o mais precocemente possível, por via intravenosa e em dose adequada de acordo com a gravidade. Deve-se ainda garantir a manutenção das funções vitais, principalmente nos casos moderados e graves, onde devem ser observados continuamente objetivando intervir precocemente nas complicações.

Classificação dos acidentes escorpiônicos quanto à gravidade, manifestações clínicas e tratamento específico Classificação Manifestações clínicas Soroterapia

Leve* Dor e parestesia local - Moderado
Dor local intensa associada a uma ou mais manifestações, como náuseas, vômitos, sudorese, sialorreia discreta, agitação, taquicardia e taquipneia
2 a 3 ampolas
EV
SAEEs ou
SAAr**

Grave
Além das citadas na forma moderada, presença de uma ou mais das seguintes manifestações: vômitos profusos e incoercíveis, sudorese profunda, sialorreia intensa, prostração, convulsão, coma, bradicardia, insuficiência cardíaca, edema pulmonar agudo e choque
4 a 6 ampolas***
EV
SAEEs ou SAAr

* Tempo de observação das crianças picadas: 6 a 12 horas.
** SAEEs soro antiescorpiônico SAAr soro antiaracnídio
*** Na maioria dos casos graves quatro ampolas são suficientes para o tratamento, visto que neutralizam o veneno circulante e mantém concentrações elevadas de antiveneno circulante por pelo menos 24 horas após a administração da soroterapia.

7 – Fluxo de Atendimento dos casos de Escorpionismo em Joinville:

As vítimas de acidentes com Escorpião devem ser encaminhadas aos Hospitais de referência em Joinville, Hospital Regional Hans Dieter Schimidt, Hospital Municipal São José e Hospital Materno Infantil Jesser Amarante de Farias, para que possam ser atendidos o mais brevemente possível e receber o Soro escorpiônico na dose adequada e em tempo hábil. Caso o Escorpião seja capturado, este deve ser mantido em vasilhame fechado e levado junto ao Hospital para reconhecimento da espécie e comunicado a Vigilância Epidemiológica. Acidentes por animais peçonhentos é de notificação obrigatória e o instrumento de investigação do evento deve ser preenchido e encaminhado para Vigilância Epidemiológica.

Maiores informações pelos telefones: 3431.4604/ 4601/ 8435.1771.

Jeane Regina Vanzuita Vieira
Gerente da Unidade de Vigilância em Saúde

Um comentário:

  1. Informsções importantes. Seria legal focar nos cuidados imediatos, que é o importante para a população leiga.
    gostei de que foi escrito que o bicho não ataca. Ele apenas se defende caso seja encurralado ou apertado, como todo animal. O homem é o único animal que ataca sem ser para se defender ou se alimentar.

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